Voluntários de Canaã dos Carajás revitalizam horta em escola

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As merendeiras da Escola Municipal Adelaide Molinari, em Vila Planalto, a cerca de 15km de Canaã dos Carajás, estão cozinhando as refeições das crianças e adolescentes com o tempero da horta que foi revitalizada pelo(a)s voluntário(a)s do Comitê Canaã dos Carajás da Rede Voluntária Vale. A ação, que começou junto com o calendário escolar deste ano, está em sua fase final.

A voluntária Rosalina Salgado Silva Matos, que há 14 anos trabalha como analista operacional da Engenharia de Serra Sul, conta que a ideia surgiu depois que André Cerqueira, engenheiro da Vale, também voluntário do Comitê Canaã dos Carajás, e ex-aluno da Escola Municipal Adelaide Molinari, comentou sobre um espaço da escola que já fora uma horta:

“Ele dá aula de Informática, voluntariamente, na Escola Municipal Adelaide Molinari e um dia comentou que a escola tinha um espaço onde um dia fora uma horta, mas que estava totalmente desabilitado. Fizemos uma pequena reunião e verificamos junto à escola a possibilidade de reabilitar o espaço. É uma ação sustentável, algo que poderemos deixar como legado para a escola. Exige um pouco de sacrifício, mas valeria a pena”, contou Rosalina.

Os voluntários se organizaram e realizaram a cotação e a divisão dos custos entre eles para a compra dos materiais para os canteiros e para a cobertura que protege as mudas, além das sementes.

“A ideia é: a gente não faz rateio para um churrasco, para uma bebida? Então, por que não fazer para uma ação tão legal como esta? Fizemos em várias etapas: preparação e manutenção das estruturas existentes, revitalização da área, preparação do solo, implantação do berçário de mudas, plantio das mudas, limpeza e plantio externo do canteiro. Plantamos mudas de couve, cheiro verde, alecrim, manjericão, maracujá e um pé de mamão, com sementes adquiridas também no rateio”, disse Rosalina.

O grupo de voluntário(a)s envolveu os alunos adolescentes do Fundamental II no preparo inicial dos canteiros da horta. E eles adoraram. Para garantir a consolidação da horta, o(a)s voluntário(a)s se dividiram, e o compromisso foi mantido: às sextas-feiras, na parte da manhã ou da tarde, a horta recebia a visita do(a)s voluntário(a)s.

“A Vale permitiu e incentivou a ação voluntária, disponibilizando um carro para nos levar à escola.  Quando o combinado era ir à parte da manhã, saímos por volta das 7h e retornávamos às 10h30m e quando era na parte da tarde, saímos às 15h, quando o sol já estava começando a baixar. Fazíamos rodízio, às vezes íamos em dupla, outros dias estava todo mundo animado, ia o grupo todo. E assim foi ficando pronto, dá muito prazer ver o resultado”, contou Rosalina.

A horta foi concluída este mês, mas precisa do equipamento para irrigação porque, neste momento, começou o verão no Norte do país, o que quer dizer que chove pouco e faz muito calor – “Aqui ou está quente ou está uma quentura”, brinca Rosalina. Como a equipe é composta por engenheiros, um deles, José Junior, que é engenheiro mecânico, prontificou-se a construir o mecanismo para fazer a irrigação. Um novo rateio dará conta do material necessário.

“O sistema de irrigação da horta será entregue em julho. Estamos deixando uma horta muito legal para a escola, que pode nutrir o(a)s aluno(a)s de uma forma orgânica, saudável, o que contribui também para ensinar a eles que a nossa comida vem da terra. Isso também é uma forma de ensiná-los a cuidar do meio ambiente”, disse Rosalina.

A equipe de voluntário(a)s já está pensando numa próxima ação. Para o ano que vem, pretendem adotar outra escola, dessa vez no próprio município de Canaã dos Carajás, para facilitar o acesso.

“É importante deixar claro que não é um projeto da Rosalina, da Caiane, do José, do Filipe… é da Rede Voluntária Vale, é de todos nós. Queremos divulgar mais, plantar mais no coração das outras pessoas para que também outras iniciativas nasçam, com a participação de mais pessoas da Rede Voluntária Vale. Foram três meses de trabalho, mas já aprendemos muito, e vamos fazer ainda melhor na próxima escola”, afirma Rosalina.

Alimentação e sustentabilidade

A revitalização da horta da Escola Municipal Adelaide Molinari foi concluída pelos voluntário(a)s do Comitê Canaã dos Carajás em junho, mês em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente. É raro que se faça a conexão entre o ato de se alimentar e a sustentabilidade, mas a conexão existe, já que os impactos que os produtos que nos alimentam causam no planeta precisam ser levados em conta.

Muitos especialistas dão conta de que, para ser saudável, a alimentação também deve ser sustentável. Afinal, ar limpo e água potável são essenciais para a saúde e, se não escolhermos os alimentos corretamente, podemos estar contribuindo para a escassez ou até para o esgotamento desses recursos.

Por isso, é necessário ficarmos atentos ao que o nosso consumo está causando ao nosso redor, optando pela realização de escolhas mais sustentáveis. Para entender melhor todo esse processo, vamos voltar no tempo.

Nos primórdios da humanidade, a alimentação era baseada em frutas, raízes, carnes de animais caçados e outras fontes que não modificavam significativamente a natureza (pelo contrário, tudo fazia parte de um ciclo natural). Com o advento da agricultura e da domesticação de animais, há cerca de 12 mil anos, deu-se início à produção de alimentos, e muita coisa mudou.

Acompanhando o crescimento da população, a agricultura foi transformada em indústria, que passou a utilizar métodos artificiais, visando sempre ao aumento da produção. Sendo assim, os especialistas garantem que a melhor maneira de seguir uma alimentação com foco na sustentabilidade é, antes de mais nada, evitar comer produtos processados.

O Guia Alimentar Brasileiro  endossa essa posição dos especialistas. Trata-se de uma ferramenta estratégica e importante de promoção da saúde e de sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis, que orienta ações no Sistema Único de Saúde (SUS), além de ser referência para políticas públicas de outros setores do governo federal.

O Guia Alimentar classifica os alimentos em quatro grupos: in natura, minimamente processados, processados e ultraprocessados. E, assim, orienta a população a adotar os alimentos naturais e minimamente processados como a base de uma alimentação mais saudável.