Rede Voluntária Vale celebra o Dia Internacional da Mulher

Oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, o Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, simboliza a luta das mulheres por igualdade de direitos e contra o  preconceito de gênero. No início do século XX, a data era marcada apenas por reivindicações por igualdade salarial, mas hoje simboliza os avanços das mulheres no combate ao machismo, à violência (no Brasil a Lei do Feminicídio entrou em vigor em 2015 e colocou o assassinato de mulheres na lista de crimes hediondos) e a discriminação em geral.

Na Rede Voluntária Vale, os comitês regionais realizam ações para apoiar meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade social no mês em que se celebra a data. Um exemplo é a campanha “Apoie um Ciclo”, que tem como objetivo a doação de absorventes íntimos para mulheres e adolescentes que não têm acesso a esse item de higiene, quer por desconhecimento, quer por falta de recursos financeiros.

Segundo a  publicação “Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdades e violações de direitos”, feito pelo Fundo de População das Nações Unidas junto ao UNICEF,  cerca de 321 mil meninas não possuem banheiros em condições de uso em suas escolas. Além disso, das 60 milhões de pessoas que menstruam no país, 15 milhões não têm acesso a produtos adequados de higiene menstrual, ou seja, uma em cada quatro pessoas não apresenta condições de obter absorventes higiênicos.

O termo pobreza menstrual se refere à falta de acesso a insumos menstruais (absorventes, tampões, coletores menstruais, calcinhas menstruais), e também à falta de informação sobre menstruação, assim como de infraestrutura adequada para o manejo da higiene menstrual. Trata-se de um problema de ordem socioeconômica, de infraestrutura e de saúde pública que afeta meninas e mulheres, apresentando maiores efeitos em pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade, abrangendo também as pessoas em situação de rua e a população em privação de liberdade.

Tendo em vista esta realidade, voluntários da nossa Rede deram início à campanha “Apoie um Ciclo” com objetivo de arrecadar absorventes íntimos. A iniciativa foi mobilizada pelo Comitê Carajás, em Parauapebas (PA), no dia 07 de fevereiro, porém foi abraçada por outros Comitês Regionais, como Canaã dos Carajás, Serra Leste (PA), Açailândia e São Luís (MA).

“Este é o segundo ano que realizamos a campanha em Parauapebas. No ano passado tínhamos uma meta de arrecadar 600 pacotes de absorventes, porém superamos esse número e conseguimos 2,5 mil pacotes. Este ano lançamos a campanha no dia 07 de fevereiro e, após 30 dias de arrecadação e adesão de outros Comitês, quase triplicamos o número arrecadado no último ano. Conseguimos arrecadar 6.540 pacotes de absorventes”, conta emocionada a voluntária Suely Bezerra

Do total arrecadado, 2,5 mil pacotes de absorventes foram doados por voluntários de Parauapebas vinculados ao Comitê Carajás; 3,2 mil pacotes pelos voluntários do Comitê São Luís; 540 pacotes pelo voluntários de Curionópolis vinculados ao Comitê Serra Leste; 200 pacotes foram doados pelos voluntários do Comitê Açailândia e 100 pacotes pelos voluntários do Comitê Canaã dos Carajás. Vale ressaltar que os últimos três Comitês ainda estão recolhendo absorventes para as suas localidades, mas fizeram questão de enviar suas doações para esta causa.

As doações pelos voluntários Vale das outras  regionais chegaram em Parauapebas pelo Trem da Vale, no dia 8 de março, às 23h40m. Para celebrar do Dia Internacional da Mulher, a locomotiva do Trem da Vale chegou na Estação de Carajás pintada na cor rosa.

“Foi muito lindo! Eu estava lá esperando, junto com outros voluntários e voluntárias a chegada dos absorventes. Aliás, nessa campanha tivemos uma participação especial de homens, eles abraçaram mesmo a campanha”, contou Suely.

Suely tem um motivo especial para ficar tão emocionada com o sucesso da ação:

“Quando comecei a menstruar, não me disseram nem o que era absorvente, eu morava com um senhor de idade. Para tentar conter a menstruação, eu me forrava com pano, nem sempre o lavava. Não sabia o que isso poderia me causar. Isso foi que me levou a fazer a campanha. Hoje é diferente, a gente conversa muito abertamente com os homens. As mulheres dependem desse item, as meninas às vezes ficam sem ir à escola porque não têm absorventes: ou elas compram absorvente ou elas comem”, contou Suely.

Justamente para preencher essa lacuna, da informação, a entrega dos absorventes foi feita num evento, no dia 10 de março, na sede da Associação de Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável de Parauapebas (Adelisp), uma organização que atende 1.200 famílias com políticas de inclusão social, emprego, renda e capacitação. O evento contou com a presença de profissionais que fizeram uma roda de conversa com as mulheres da Associação. Para o evento foram convidadas a psicóloga Anny Pontes, a médica ginecologista Maria Helena e a empresária Ana Paula Villaça. Com um pouco de música tocada pelo DJ David Marques.

A Rede Voluntária Vale agradece a todos os voluntários e voluntárias que se engajaram nesta corrente do bem para contribuir com a melhoria da qualidade de vida e a construção de uma sociedade mais justa.