Projeto Vale Aprender Inglês chega a mais duas cidades do Pará
Há oito anos, voluntários do Comitê Carajás, que atuam na cidade de Parauapebas, desenvolvem o Projeto Vale Aprender Inglês (VAI), oferecendo gratuitamente aulas de inglês e formando, a cada dois anos, cerca de 40 alunos de 13 a 16 anos. Por conta do sucesso dessa iniciativa, o VAI ampliou sua atuação esse ano para as cidades de Canaã dos Carajás e de Curionópolis, e conta com o envolvimento de voluntários dos Comitês Regionais dessas localidades.
Idealizado pela voluntária Débora Motomatsu Silva, que teve vontade de compartilhar seu aprendizado depois que chegou de uma viagem ao exterior, o VAI utilizava, inicialmente, as salas de aula na Associação Girão de Artes Marciais, no bairro dos Minérios, em Parauapebas. Com a construção da Usina da Paz, em maio de 2022, no bairro Tropical, em Parauapebas, houve a chance de um novo ciclo para o VAI.
Rafaela da Silva, que hoje está à frente do projeto Vale Aprender Inglês em Parauapebas, conta que, só no bairro dos Minérios, foram beneficiados cerca de cem jovens até 2022.
“Quando comecei a atuar no projeto, em 2022, éramos cerca de trinta voluntários, que atuávamos como professores e monitores. O Vale Aprender Inglês estava sendo reestruturado, porque no início de 2022 já tínhamos certificado mais de cem alunos no bairro dos Minérios. A Usina da Paz foi construída, a Vale se tornou parceira, e tínhamos então um outro local para as aulas. A primeira turma na Usina da Paz tinha 40 alunos, e hoje já conseguimos ter duas salas de aula, cada uma com 22 alunos. Temos 43 voluntários envolvidos, sendo 14 professores fixos e 29 monitores. O que é mais incrível é que já temos alunos formados em outros anos, que estão ajudando como voluntários. Criei até uma secretaria, onde eles não só colaboram como aprendem muita coisa de administração”, disse Rafaela.
A partir de outubro de 2023, iniciou-se e estruturação da expansão do projeto Vale Aprender Inglês. Seguindo a sugestão de Débora Motomatsu Silva, os comitês Canaã dos Carajás e Serra Leste (Curionópolis) também se envolveram e se organizaram para oferecer aulas de inglês aos jovens de escolas públicas que não têm acesso a esse aprendizado.
Bruno de Sousa Borges, que desde o início do ano passou a coordenar o VAI em Canaã dos Carajás, contou que a primeira aula da turma de 40 alunos (dividida em duas salas) foi no dia 9 de março deste ano, também na Usina da Paz, localizada no município de Canaã de Carajás.
“Sou de Minas Gerais, entrei para a Vale como estagiário em Itabira, e em junho de 2022 eu vim para Canaã dos Carajás, onde moro hoje com minha família. Já em Minas eu percebi que a Vale tem um jeito de lidar com a comunidade que me agradava muito. Mas quando cheguei aqui no Pará, percebi que aqui tem uma coisa que Minas não tem: a Usina da Paz. É uma iniciativa incrível, e quando a Debora Motomatsu, que é minha coordenadora, levou-me para conhecer o espaço, fiquei muito impressionado com o poder do bem que a estrutura pode trazer para a cidade. Pensamos logo numa forma de aproveitá-la com o Projeto Vale Aprender Inglês, promovendo a aprendizagem de uma outra língua para os jovens de Canaã dos Carajás e possibilitando a ampliação de oportunidades no futuro”, disse ele.
Em Curionópolis, Monica Cardoso, engenheira de planejamento de mina em Serra Leste, ficou à frente do Projeto. Ela contou que os voluntários fizeram uma parceria com a Escola Municipal Angela Bezerra, localizada em Serra Pelada, que cedeu duas salas para acomodar os alunos. Hoje são 32 voluntários envolvidos no VAI, e todos têm uma certeza: é possível mudar para melhor a vida dos adolescentes beneficiados com o Projeto.
“Temos visto isso, já neste início. Eles se tornam menos inibidos com o tempo, porque aprender uma língua estrangeira é uma alavanca também para a vida pessoal. Fui a primeira a ministrar aula, e fiquei ainda mais motivada quando percebi a percebi a vulnerabilidade da comunidade onde eles vivem. É possível ressignificar a educação desses adolescentes e da família deles, já que os pais também são envolvidos de forma indireta”, contou a coordenadora Monica.
As aulas do VAI acontecem sempre aos sábados pela manhã, e têm duas horas de duração. O requisito básico para os jovens serem aceitos no Projeto Vale Aprender Inglês é que eles estejam matriculados na rede de ensino dos seus respectivos municípios. Uma vez aceitos no projeto, eles recebem um exemplar do livro “Global Changer”, idealizado pela Universidade de Cambridge, com recomendações para que seja bem cuidado. Para comprá-lo, foi feita uma campanha interna, que conseguiu arrecadar o suficiente, em pouco tempo, para 50 livros, distribuídos entre os dois comitês.
“É um livro bem didático. Tem uma metodologia que facilita o início dos alunos nas aulas. Mas, para mim, os benefícios do projeto vão além do aprendizado da língua. Pode ser uma alavanca para a vida pessoal e profissional desses jovens”, reitera Monica Cardoso.
Antes da aula inaugural, rotina para o início do projeto, é feito um processo chamado de ativação, em que os pais são chamados para falarem também sobre sua expectativa. Bruno não se esquece do que ouviu de uma das mães:
“Ela disse que estava muito feliz porque, como sabe que haverá a construção de um aeroporto aqui na região em algum momento, seu filho estará preparado para trabalhar nele”, contou.
Na perspectiva de expansão do Vale Aprender Inglês, agora quem está pensando em se organizar para oferecê-lo são os voluntários do Comitê Belém.
Vida longa ao VAI!