Oficina de Contação de Histórias: um tempo para aprender, trocar e se enriquecer

…E quem disse que a audiência queria que acabasse a Oficina de Contação de Histórias que a escritora  Daniela Chindler, nossa parceira da Sapoti Projetos Culturais, e a professora Inês De Biase estavam ministrando virtualmente para a Rede Voluntária Vale? As informações eram tão enriquecedoras que a hora e meia previamente destinadas para o evento passaram rápido demais. Quando acabou, o(a)s 27 voluntári(o)as lamentaram. Ainda bem que tem mais: dia 10 de outubro, às 14h.

A Oficina de Contação de Histórias é parte da Trilha Experiência Leitora da Rede Voluntária Vale que começou no dia 16 de setembro com o webinário da escritoria Conceição Evaristo. Daniela Chindler e Inês de Biase, que transitam pelo setor da educação não-formal, iniciaram a conversa lembrando a importância de se acreditar na criança para quem se vai contar a história:

“A criança não é um depositário. Se a gente acredita na potência deste ser humano novo no mundo, que reflete, produz cultura e tem um olhar criativo, optamos pela leitura que faz pensar e gerar boas conversas”, disse Inês De Biase.

Outra lição das mais importantes para quem quer contar histórias a crianças foi dada por Daniela Chindler: “Nós lemos COM as crianças e não PARA as crianças”. É um desafio. Mas, vejam que convite lindo:

“Quando você começar a ler um livro para a criança tem que fazer um pacto de embarcar na narrativa. E ir para outro país, para outro tempo, para o mundo da fantasia. Você vai oferecer a ela uma oportunidade para que ela viva uma aventura, enfrente seus medos, tudo no mundo da fantasia. Porque, no fundo, o medo não está no livro, mas na vida”, lembrou Daniela.

É por isto que precisamos refletir: será que é bom evitar contar histórias que causam medo?

“O livro é este lugar seguro para enfrentar a vida. Determinados livros mostram que podemos ter a crença de que um mundo melhor está por vir”, responde a escritora.

E como criar um espaço adequado para a contação de histórias? Este também pode ser um desafio para os voluntário(a)s. Daniela e Inês deram algumas sugestões, em que prevaleceram a simplicidade. Não precisa investir muito dinheiro, mas é muito bom que a ação seja em grupo.

Sapateiras podem servir para organizar os livros. Expositores com rodinhas podem facilitar a tarefa de carregá-los. Até caixote de feira pode servir: é só dar uma  mãozinha de tinta e enfeitá-lo:

“O mais importante é levar acolhimento e afeto, passando a mensagem de que vocês pensaram naquele momento com carinho, mostrando também que as pessoas que se cuidam são pessoas que se gostam”, disse Daniela Chindler.

É desse jeito que se consegue, entre outras coisas, atrair mais a atenção das crianças do que as telas de dispositivos.

“A Internet permite uma leitura na superfície, forma aquele leitor/pescador, que vai ali e pesca qualquer coisa. Estamos interessados em formar leitores caçadores, que têm um olhar mais reflexivo”, disse Inês De Biase.

Conversa vai, conversa vem. E a plateia respondeu, perguntou, contou seus casos. Por isto o tempo passou assim, rapidinho, como se não tivesse passado.

Junte um, mais um, mais um… e vamos espalhar boas histórias por aí, alargando o mundo das crianças, permitindo que elas criem novos finais.

É a nossa Rede espalhando contos, lendas, histórias reais e fantasias. Tá bom de encerrar, lembrando aqui uma frase da escritora Márcia Leite, citada por Daniela Chindler durante a Oficina:

“Ler livros para ler melhor a vida”.