Campanha Abril Azul dá destaque à conscientização sobre o Autismo
Estabelecido em 2007 pelas Nações Unidas, o Abril Azul é mês Mundial de Conscientização sobre o Autismo. A campanha tem como objetivo aumentar a conscientização sobre o autismo e ajudar a combater estereótipos, preconceitos e discriminação, criando um ambiente mais acolhedor e respeitoso. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), nos últimos anos houve um aumento no número de diagnóstico de autismo no mundo. Hoje, são cerca de 70 milhões de pessoas com o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista.
Mas, o que é Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
Trata-se de um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficit na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados. Não há evidências científicas de que exista uma causa única para o autismo, mas a interação de fatores genéticos e ambientais.
No autismo, a maneira como a pessoa enxerga, ouve, sente e interage com o mundo ao seu redor é alterada. As manifestações do espectro autista também podem ser variadas, desde quadros leves com altas habilidades até comprometimento grave da linguagem e capacidade intelectual. Esses diferentes subtipos se manifestam de maneira única em cada pessoa.
É importante ressaltar que o autismo não é uma doença, e sim uma condição neurológica, que acomete pessoas de todas as classes sociais e etnias. Existem terapias adequadas para que o indivíduo possa ter um desenvolvimento saudável e minimizar os traços ao longo do seu desenvolvimento, conseguindo ter melhor qualidade de vida.
A animação “Autismo – Coisas Fantásticas Acontecem” , explica com empatia e de forma lúdica o que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e como funciona a mente de pessoas com autismo. Com linguagem positiva, a animação mostra quais são as principais características de pessoas com autismo. Para acessar o vídeo, basta clicar aqui.
Símbolos e identificações
Cordão de girassol
Formalizado pela Lei 14.624 de 17 de Julho de 2023, o cordão com a fita de girassóis é um instrumento auxiliar de orientação e identificação de pessoas com deficiências ocultas.
Deficiências ocultas são deficiências que não estão visíveis aos olhos da população, como por exemplo, surdez, diabetes, TDAH, depressão, asma, epilepsia, limitações intelectuais, deficiências cognitivas, entre outras.
Optou-se pelo símbolo do girassol, pois a flor se destaca pela cor vibrante e por se virar no sentido do sol, e isso representa a conscientização. O cordão decorado com girassóis tem como objetivo dar luz à sociedade sobre o espectro autista.
Cordão de quebra cabeça
Em 1999, foi criado o símbolo do autismo que conhecemos até hoje: uma fita formada por peças de quebra-cabeça coloridas. O objetivo desta figura era conscientizar sobre o Transtorno do Espectro Autista.
O quebra cabeça simboliza que cada indivíduo (a peça) é único dentro de um amplo espectro (a imagem formada pelo quebra-cabeça).
O símbolo também é popular para demonstrar apoios à causa e informar a população sobre os direitos de quem está no espectro. Por esse motivo, é comum que você encontre esse símbolo em placas de filas preferenciais em farmácias e supermercados, por exemplo.
Cordão com desenho do infinito multicolorido
Criado pelos próprios autistas, o logotipo da neurodiversidade (sinal do infinito) nas cores do arco-íris representa a diversidade entre as pessoas que estão dentro do espectro autista, com infinitas variações e possibilidades, mesmo tendo semelhanças neurológicas entre elas.
Esse símbolo do autismo é utilizado como uma alternativa à fita do quebra-cabeça e celebra a esperança e a diversidade de expressão dentro do espectro.
Esse tipo de identificação é um importante aliado para a acessibilidade das famílias e da pessoa no espectro autista. Ambientes com muitos estímulos sonoros, visuais, olfativos e com muitas pessoas ao mesmo tempo são, naturalmente, desafiadores para o autista. Do mesmo modo, em um evento cultural, o cordão de girassóis garante a prioridade estabelecida por lei. A pessoa que está no espectro, deve receber um atendimento individualizado e respeitoso, como outras pessoas com deficiência recebem.
Diagnóstico
De acordo com o Ministério da Saúde, é possível identificar sinais de impactos no neurodesenvolvimento da criança nos primeiros meses de vida, sendo o diagnóstico estabelecido por volta dos 2 a 3 anos de idade.
Entre os sinais do Transtorno do Espectro Autista estão dificuldade de comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos simbólicos, dificuldade de socialização e padrão de comportamento restritivo e repetitivo.
O termo “espectro” foi inserido ao nome do transtorno autista em 2013, para englobar situações e apresentações muito diferentes da condição, que vão de níveis leves a graves.
Especialistas ressaltam que a identificação de atrasos no desenvolvimento, bem como o diagnóstico oportuno de TEA, permitem a realização de intervenções comportamentais e apoio educacional de maneira precoce, levando a melhorias na qualidade de vida a longo prazo.
Atendimento no SUS
Para ampliar a atenção sobre o problema, desde setembro do ano passado o Ministério da Saúde incluiu o TEA na Política Nacional de Pessoas com Deficiência, o que significa, entre outras coisas, o aumento de uma Rede de cuidados às pessoas autistas. Na rede pública de saúde constam os Centros Especializados em Reabilitação (CER), que são pontos de atenção ambulatorial especializada em reabilitação, responsáveis pela realização do diagnóstico e acompanhamento dos autistas.
Segundo o site do Ministério da Saúde, em casos suspeitos de Transtorno do Espectro Autista, o paciente deve ser levado à Unidade Básica de Saúde mais próxima de sua residência para avaliação da equipe de Atenção Primária. Caso necessário, será encaminhado para a Atenção Especializada em Reabilitação.
Haverá, nesses casos, uma avaliação biopsicossocial, feita por uma equipe multiprofissional, a fim de estabelecer o diagnóstico, além de identificar as potencialidades e necessidades do paciente, de sua família e seu contexto de vida. Todos estes fatores servem de base para o diagnóstico precoce e a elaboração do Projeto Terapêutico Singular (PTS), com foco no planejamento da reabilitação.
Ação inclusiva realizada pela Rede Voluntária Vale
Em dezembro, mês de celebração do Dia Internacional do Voluntariado, a Rede Voluntária Vale mobiliza seus 27 comitês regionais para a Campanha Dezembro Voluntário, que tem como objetivo incentivar o desenvolvimento de ações voluntárias junto a uma instituição social sem fins lucrativos do território de abrangência de cada comitê.
No ano passado, os voluntários do Comitê de Brumadinho, em Minas Gerais, realizaram a Caminhada Inclusiva junto com a APAE do município de Sarzedo. Foi definido um percurso de dois km que finalizava em uma quadra pública poliesportiva, onde foram disponibilizados brinquedos infláveis, lanche, corte de cabelo, além da presença ilustre do Papai Noel.
A voluntária Juliana Silva contou que a Caminhada Inclusiva, que aconteceu no dia 10 de dezembro, foi uma forma de celebrar a inclusão e a diversidade. A ação envolveu 35 voluntário(a)s e beneficiou cerca de 250 pessoas entre alunos da APAE, seus familiares e amigos.
“Realizamos uma visita a APAE de Sarzedo para conhecer as atividades realizadas pela associação, e ficamos maravilhados com o trabalho sério e consciente, de ajuda às pessoas com deficiência. Em conversa com o diretor da APAE, apresentamos a ideia e, juntos, estruturamos a proposta da Caminhada Inclusiva. A ação ocorreu em um domingo (10/12) e começou cedo. Antes de iniciarmos a caminhada, realizamos a distribuição de kits com mochila, boné e garrafinha d´água. Percorremos dois quilômetros até a quadra pública poliesportiva, onde organizamos também o ‘Dia da Cidadania’, com corte de cabelo, distribuição de lanches, atividades recreativas e a visita do Papai Noel. Foi uma ação muito especial para todos nós”, contou Juliana Silva.
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) é uma organização social que visa promover a atenção integral à pessoa com deficiência intelectual e múltipla. A Rede Apae destaca-se por seu pioneirismo e capilaridade, estando presente em mais de 2 mil municípios em todo o território nacional.
Hoje, no Brasil, essa mobilização social presta serviços de educação, saúde e assistência social a quem deles necessita, constituindo uma rede de promoção e defesa de direitos das pessoas com deficiência intelectual e múltipla, dando assistência gratuita também a quem tem o diagnóstico TEA.