Voluntários adoçam a Páscoa de crianças em diversos municípios

Em mais um ano, diversos Comitês da Rede Voluntária Vale promovem ações de doação de chocolate próximo ao dia de celebração da Páscoa, alegrando ainda mais o dia da criançada. Dentre as ações realizadas, compartilhamos duas experiências de nossa Rede.

No dia 26 de março, membros dos Comitês Governador Valadares, Nova Era, Vale do Aço e Vitória começaram uma viagem inusitada pela Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). Um dos vagões foi enfeitado especialmente para levar 2.100 caixas de bombons para crianças de 21 instituições de 15 municípios onde o trem passa. Os chocolates foram arrecadados numa parceria entre os quatro Comitês, que agiram em rede para proporcionar uma Páscoa mais feliz a um número maior de crianças.

A viagem durou dois dias, como contou João Barcellos, do Comitê Governador Valadares:

“É inexplicável a sensação de termos conseguido realizar esta ação. O tempo de organização foi longo, chegou a dois meses, justamente porque envolveu muita gente, dos quatro Comitês, mas valeu a pena. Ao todo, o trem percorreu cerca de 600 quilômetros, e nem me lembro do número de estações onde paramos, foram muitas. Fizemos contato antes com as 21 instituições, que se prepararam e levaram as crianças para a estação. Quando o trem chegava, era uma festa. Eu sinto, ao mesmo tempo, alegria por ter conseguido proporcionar esse momento para a criançada, e tristeza porque muitas nunca tinham nem visto uma caixa de bombom na vida”, disse Barcellos, que viajou de Governador Valadares, onde mora, até Nova Era, onde pegou o trem no dia 26.

João Barcellos é empregado da Vale há nove anos, e há cinco anos é voluntário do Comitê Governador Valadares. Para ele, foi uma experiência inédita: “Ter essa abrangência de atuação com os demais Comitês foi fundamental”.

Já Priscila Ferreira, que há oito anos, desde que entrou para a Vale, é voluntária do Comitê Vitória, destacou a importância da organização de cada detalhe da ação para não impactar no funcionamento da EFVM.

“O mais interessante é que a EFVM não parou de funcionar em momento algum, por isso tivemos que nos reunir tanto, para combinarmos cada detalhe. Contamos com uma grande rede de apoio dos RCs da Vale também, e deu tudo certo. O trem partiu às 8h do dia 26 de abril da Estação Pedro Nolasco, em Cariacica. De lá foi direto para Governador Valadares, e foi parando nos trechos combinados. Ficávamos cerca de 15 minutos em cada estação, tempo suficiente para que as crianças pudessem entrar, matar a curiosidade, e ganhar seus bombons. Foi uma ação muito bonita”, disse Priscila.

Enquanto isso, bem longe dali, no Pará, os voluntário(a)s do Comitê Ourilândia do Norte – Tucumã se reuniram para pensar em uma forma diferente de celebrar a Páscoa. David Cesar Santos e Aldirene Santos, ambos voluntário(a)s, contam aqui que a ideia foi, em vez de fazer doações dos ovos de chocolate, como acontecia em todos os anos, capacitar pessoas para que elas próprias produzissem os ovos e, com isso, deixar um legado de geração de renda para a comunidade.

“Temos muito claro que a Rede Voluntária Vale diz respeito à busca do desenvolvimento das comunidades, não apenas assistencialismo. Esse foi um case de sucesso, porque agregamos valor, não foi apenas a entrega dos ovos de chocolate. Entramos com os insumos, que conseguimos depois de uma campanha de arrecadação na empresa. Barras de chocolate, fôrmas, luvas, toucas, embalagens e as fitas para amarrar no final, conseguimos mais do que imaginávamos, tanto que foram necessários três dias para produzir os ovos. A professora, que ensinou a fazer, era da própria comunidade”, contou Aldirene.

A parceria com a Pastoral da Criança, organismo autônomo que realiza um trabalho que acompanha crianças e suas famílias, independente de raça, cor, religião ou opção política, foi fundamental porque através da instituição os voluntário(a)s do Comitê chegaram à Igreja Santo Expedito, no PA Maria Preta, em Ourilândia do Norte, onde existe um galpão que foi utilizado para produzir os ovos de chocolate.

“A parceria com a Pastoral da Criança nos ajudou no sentido de mapear as famílias mais vulneráveis no território onde nosso Comitê atua. Com isso, doamos os ovos de chocolate para famílias que realmente não têm condições financeiras de comprá-los. Mas nossa meta maior foi cumprida: deixamos um legado porque as mulheres, também mapeadas com auxílio da Pastoral, aprenderam a produzir ovos de chocolate e, assim, podem pensar até em comercializá-los”, contou Aldirene.

David Cesar Santos lembrou que as quatro comunidades beneficiadas – São Guido, Liberdade de Morar, Bom Jesus da Lapa e Vicinal – receberam, no total, 430 ovos de chocolate produzidos artesanalmente.

“Acho importante doarmos os ovos de chocolate, claro, mas quando nos reunimos pensamos em deixar algo mais para as comunidades. Veio a ideia de comprarmos os insumos para que as próprias pessoas pudessem produzir os ovos e, assim, levar conhecimento para que elas possam obter uma renda no futuro. Quem sabe, no próximo ano, uma delas pode deixar de ser assistida e passar a ser uma voluntária, ajudando a produzir ovos. É um salto na vida”, contou David Santos.

David lembrou que Reginaldo Leite, um dos coordenadores do Comitê Ourilândia do Norte – Tucumã, foi fundamental para a arrecadação dos insumos. Para Reginaldo, essa ação de Páscoa foi especial, porque faz parte do propósito que o Comitê está empenhado em desenvolver daqui para a frente: deixar um legado sustentável para as famílias que vivem em situação de vulnerabilidade.

“Começamos a observar, em conversas com famílias para as quais prestamos assistencialismo, que muitas pessoas têm interesse em ter uma fonte de renda, só que não conseguem. Às vezes é uma família que tem várias crianças e a mãe não consegue deixá-las sozinhas para trabalhar. Vimos aí uma oportunidade: e se capacitássemos, com uma oficina fácil, para elas aprenderem a fazer algo para gerar renda em casa mesmo? Assim nasceu nossa ação. São quatro comunidades, e algumas pessoas estão conseguindo aprender a fazer trufa, ovos de chocolate. Isto pode vir a ser uma fonte de renda, elas podem vender na frente da escola, no supermercado. Com isso, nós incentivamos também os comerciantes a darem uma força”, disse Reginaldo.