Yes, nós temos formandos em inglês!

 

Orgulho define o sentimento de Paulo Ranieri Góis da Silva ao ver o filho Heitor, de 15 anos, como um dos formandos no curso Vale Aprender Inglês (VAI), no último sábado, dia 2 de julho. Paulo ficou tão emocionado que até se sentiu motivado a pegar o microfone e dizer algumas palavras, ele que se acha um tímido.

“Foi mérito do Heitor, eu incentivei no que foi possível para mim, já que trabalho muito, fico pouco em casa. Mas é conhecimento, né? A única herança que eu posso dar para ele e ninguém pode tirar”, disse Paulo.

O projeto existe há seis anos, beneficiando jovens de Parauapebas, e foi iniciativa do Comitê Carajás da Rede Voluntária Vale. A infraestrutura – cadeiras, quadro e até ar-condicionado – foi montada na Associação Girão de Artes Marciais, no bairro dos Minérios, em Parauapebas. Com doações de empresas e de pessoas físicas.

Quem trouxe a ideia foi Débora Motomatsu Silva, empregada da Vale e voluntária da Rede. Débora morou um tempo na capital inglesa quando era jovem, e veio de lá com uma boa fluência na língua. Na faculdade, que cursou na cidade mineira de Ouro Preto, ela criara uma forma de passar adiante sua expertise, dando aulas de inglês gratuitamente para muitos alunos.

“Quando vim morar em Carajás e comecei a trabalhar na Vale, pensei em fazer algo semelhante. No Brasil eu fiz o Ciência Sem Fronteiras, e aprendi mais inglês. Acho importante compartilhar com os outros aquilo que a gente sabe. Conhecendo outra língua, a pessoa ganha mais confiança, isto é muito legal. Acompanhei alguns alunos e ficava emocionada ao perceber a diferença no comportamento deles”, contou Débora.

Com a palavra, duas das beneficiadas: Francielen e Francieni Souza Barbosa, irmãs gêmeas de 19 anos que também se formaram no sábado.

“Eu entrei incentivada pela minha irmã porque não gostava muito da ideia de estudar inglês. Mas gostei muito. Hoje eu consigo entender, consigo ler, mas fico nervosa só quando falo. Minha ideia é continuar estudando, para ser fluente em inglês”, disse Francielen.

O que mais chamou a atenção de outra formanda, Aline dos Santos Souza, foi saber que poderia estudar inglês de graça. Ela queria muito fazer um curso de língua estrangeira, mas não tinha dinheiro para pagar. Fez a prova, passou, e entrou no VAI em 2017, quando ainda tinha 16 anos. Hoje Aline é trainee da Vale, na área elétrica. Gostou tanto do resultado, que já se tornou voluntária do Comitê Carajás da Rede Voluntária Vale, e pretende ser monitora na próxima turma.

“A gente aprende ensinando. Ouvi muito meus professores dizerem isto. E concordo”, disse ela.

A voluntária do Comitê Carajás Vilma da Silva, que há quatro anos trabalha como auxiliar técnica em gerência de terraplanagem, é uma das que tem ajudado na organização das aulas do VAI. Ela conta que, no total, o VAI beneficiou cerca de cem alunos quando funcionou no Girão Artes Marciais.

A partir do dia 13 de agosto, um novo ciclo vai começar, na Usina da Paz, que fica no Bairro Tropical, também em Parauapebas.

“Já estão todos muito animados para este recomeço, eu também. São nove professores e serão 16 monitores. A carga horária é de duas horas semanais, todos os sábados”, conta Vilma.

Além das aulas, os voluntários do Comitê Carajás se cotizam para oferecer um lanche aos alunos. Um momento que, para muitos, tem um grande valor. A ideia de Vilma é, no futuro, conseguir doações, com algum parceiro, para incrementar o lanche dos alunos.

“É muita alegria estar colaborando neste projeto. E já estou com saudades!”.