Projeto em Canaã dos Carajás busca ampliar oportunidades de ingresso no mercado de trabalho

Em consonância com o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 4 – Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos – voluntários do Comitê Canaã dos Carajás da Rede Voluntária Vale deram início, em março, às Trilhas do Conhecimento. Trata-se um projeto que oferece, gratuitamente, cursos técnicos de nível básico, visando a ampliar oportunidades de ingresso de moradores de Canaã dos Carajás e em situação de vulnerabilidade social no mercado de trabalho. Os instrutores da Vale Ericles Macedo e Alex Magno, ambos voluntários do Comitê Canaã dos Carajás, uniram-se nesta ação depois de terem identificado que o compartilhamento de conhecimento pode ser útil para aqueles que têm interesse em entrar no mercado de trabalho ou de atuar em uma outra atividade .

“Como instrutores, nós participamos de entrevistas de recrutamento na empresa, e percebemos que muitas pessoas têm limitações de conhecimento técnico, isso fica claro quando elas não sabem responder perguntas básicas.  Quando um candidato a soldador, por exemplo, não tem conhecimento algum do processo de soldagem. Conversamos e pensamos que poderíamos contribuir, oferecendo gratuitamente com o nosso conhecimento”, contou Ericles Macedo.

Entre os cursos mapeados pelos voluntários, estão Mecânica Básica Industrial, Básico de operação de caminhão de mina e Básico de operação de trator de esteira. O passo seguinte à tomada de decisão de fazer a ação foi buscar uma parceria que oferecesse um lugar adequado e materiais para as aulas. O Programa Territórios pela Paz (Ter Paz),foi escolhido, já que oferece uma sala com aparelho de TV,  internet e cadeiras na Usina da Paz, prédio governamental que a Vale ajudou a construiu em Parauapebas. Ericles entrou em contato e conseguiu firmar a parceria com a ONG, que ajudou também fazendo os cards para as redes sociais, apresentando o curso.

“A busca de parceiros não parou por aí. Procuramos também voluntários e voluntárias que pudessem disponibilizar seu tempo como instrutores. E hoje nós somos cinco no total, o que é bom porque não sobrecarrega ninguém”, disse Ericles.

O projeto começou em março deste ano, com o curso de Mecânica Básica Industrial. Antes do início das inscrições, foi realizada uma aula inaugural para a apresentação do curso, que tem duração de quatro meses. O curso é direcionado para pessoas a partir de 16 anos, moradores da cidade de Canaã dos Carajás, com Ensino Médio Completo ou cursando. Após a formação da turma, composta por 30 pessoas, deu-se inicío às aulas, realizadas aos sábados, de 8h às 16h.

“Nós só exigimos que as pessoas tenham mais de 16 anos, que é a idade requerida também para se candidatar ao programa Jovem Aprendiz, e que tenha o Ensino Médio Completo ou cursando. Não temos idade máxima. Compartilhamos informações técnicas, que valem para a vida profissional”, disse ele.

Entre o(a)s aluno(a)s que  estão recebendo as aulas de Mecânica Industrial está Larissa Souza Santos, de 36 anos, viúva, mãe de Alison e Thales, de 9 e 3 anos. Larissa morava na cidade paraense de São Domingos do Araguaia e mudou-se para Canaã dos Carajás depois que seu marido faleceu, em setembro de 2022.

“Eu decidi fazer o curso de Mecânica Industrial para buscar um recomeço de vida. Sempre trabalhei na parte administrativa, com atendimento ao público, no segmento de eletrodomésticos. Fazia parte da equipe que treinava os novos funcionários, e funcionei como auxiliar em RH e TI. Mas agora estou buscando uma chance no mercado de trabalho, e descobri o curso através de uma postagem em rede social.  Eu me inscrevi logo, por ser gratuito, antes mesmo de saber que era Mecânica Industrial, mas estou gostando bastante, aprendendo muitas coisas. Não tinha noção de maquinário, estou começando a  ter. É outra porta de entrada para o mercado de trabalho”, disse ela.

Larissa está morando com a irmã, que é professora do município, mas nem sempre pode contar com ela para ficar com as crianças enquanto vai à aula. Assim, em uma das aulas do curso, ela levou os dois meninos para a Usina da Paz, onde há também um espaço para a diversão das crianças. Enquanto ela estava na sala de aula, os meninos aproveitaram o espaço.

“Um dos motivos de eu me decidir vir para Canaã dos Carajás foi que aqui eu tenho uma rede de cuidados para o meu filho menor –  que tem Transtorno do Espectro Autista – pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ele fica na escola pela manhã e à tarde ainda tem atividades, o que me deixará tempo para trabalhar quando conseguir uma vaga. Mas quando não tenho com quem deixar meus filhos, preciso trazê-los para o curso. E eles estão gostando muito de vir para a Usina da Paz, aqui tem recreação”, disse Larissa.

Ericles destaca que o curso de Mecânica Básica Industrial, que terminará em julho, é fundamental na hora de a pessoa se candidatar a uma vaga para o mercado de trabalho.

“Tenho 26 anos de Vale, e tinha feito um curso de torneiro mecânico quando fui admitido . Na época eu trabalhava numa contratada. Tive muito apoio dos supervisores, dos colegas operadores, para desenvolver minhas atividades. E não tinha muito treinamento, quando precisava de ajuda pedia pelo rádio. Mas foi muito importante eu já ter tido uma capacitação antes, isso faz toda a diferença. Por isso decidi ajudar, para que as pessoas saibam ao menos o básico no momento de ser contratadas. Como instrutor Vale, eu tenho um treinamento de andragogia (arte de ensinar adultos) na Vale, que nos ajudou muito”, disse Ericles.

Após a conclusão do curso de Mecânica Básica Industrial, Ericles Macedo e Alex Magno seguirão com os cursos básicos de operação de caminhão de mina e de trator de esteira. Mas os planos não ficam por aí:

“Vamos fazer cursos o ano inteiro. Temos um projeto de procurar o Sine (Sistema Nacional de Emprego) e levar os nomes das pessoas que concluírem o curso, para que eles sejam vistos dentro do processo de candidatura de vaga. Não vai ser um diferencial, não é isso, eles vão passar pelo processo juntamente com os demais, mas é uma informação a mais que eles terão para preencher o currículo. Da mesma forma, no banco de seleção da Vale, eles vão ser selecionados, vão ser submetidos às perguntas e vão ser  avaliados, mas certamente vão saber responde sobre os tipos de bombas que existem no sistema de hidráulica, ou como utilizar o sistema de medidas do parquímetro”, afirma Ericles.

Para o voluntário do Comitê Canaã dos Carajás, passar adiante o conhecimento é uma forma de dar dignidade às pessoas:

“Se você doar um peixe a uma pessoa, você vai alimentá-la por um dia, mas se você ensinar a pescar, ela vai se alimentar pelo resto da vida. Essa ideia filosófica de transformação de vidas – porque isso vai transformar a vida das pessoas – é que nos dá força para poder ajudar. Isso me traz felicidade”, disse Ericles.

Essa ação é desenvolvida pelos seguintes voluntários da Rede :

Ericles Macedo (ericles.macedo@vale.com);
Alex Magno (alex.magno@vale.com);
Adilson Moura (adilson.moura@vale.com);
Adir Pimentel (adir.pimentel@vale.com);
Silvia Morais (silvia.moraes@vale.com);
Marcio Caixeta (marcio.caixeta@vale.com);
Edson Sousa (edson.sousa@vale.com);
Romoaldo Santos (romoaldo.santos.viana@vale.com);
Milton Gama (milton.gama@vale.com);
Paulo Galvino (paulo.galvino@vale.com);
Alex Sousa (alex.souza.silva@vale.com).